Não é novidade para ninguém
que o Estado de São Paulo – aquele da economia mais rica e das tecnologias mais
desenvolvidas – está passando por sérias dificuldades provenientes da ausência
d’água, ou, pelo menos, de sua eminente possibilidade de esgotamento.
A novidade é a busca
pelos culpados. E, como sempre, parece que a culpa é da população.
Surgem, agora, infinitas
campanhas de conscientização que colocam a sociedade civil no centro do
processo nocivo de excesso de consumo de água, em suas malfadadas calçadas, seus
pecaminosos carros sujos e seus extensos quintais empoeirados.
E é verdade... Durante
décadas a sociedade urbana tem utilizado esse recurso natural com a
tranquilidade irreal da perenidade. Afinal, nunca se imaginou que os difamados
ambientalistas estariam certos...
Mas será que a sociedade
civil é o verdadeiro algoz da água paulista?
Interessante notar que
nenhuma campanha de conscientização das empresas distribuidoras (como Sabesp e
sistemas municipais) ou do Governo do Estado questiona a ineficiência
administrativa ou a ausência de Políticas Públicas para a utilização racional
da água!
Será que os inacabáveis
vazamentos nas redes de distribuição não podem ser contabilizados como fatores
determinantes? Será que os Poderes Públicos não fazem algum tipo de mau uso?
Será que a inoperância política na elaboração e execução de Políticas Públicas
voltadas à preservação dos recursos hídricos não estão no centro desse debate?
Se forem levadas em
conta as campanhas de conscientizações, a solução seria bastante simples: Voz
de prisão às donas de casa e as senhorinhas com seus jardins...
Se forem levadas em
consideração as explicações daqueles que estão no poder, pode-se resolver o
problema orando para que as forças superiores façam chover em todo o território.
Mas, se forem levados
em considerações os reais fatores, será possível perceber que os Poderes
Públicos (nos três níveis) têm sua parcela de culpa nessa situação desastrosa e
impressionantemente preocupante, e que a influência dos interesses econômicos
pode ter sido o vetor determinante da ausência do Estado nessa discussão.
Enquanto o Estado (reforço: em todos os níveis!) não
se posiciona de maneira verdadeira (o que será um tanto improvável), vale a
pena deixar os hábitos de desperdício de lado e buscar formas de contribuir
para a reversão da falta d’água no Estado de São Paulo.
Afinal,
independentemente de ter feito parte do problema, é necessário que cada cidadão
faça parte da solução...