O último Pitaco debateu
a necessidade de o Comércio local se reinventar e agregar valor ao seu produto
com o objetivo de fazer frente aos atrativos do recém inaugurado Shopping de
Botucatu.
Na ocasião, entre esses
atrativos, destaquei “Ambiente, segurança, estacionamento, praça de alimentação
farta, fácil acesso a pessoas com deficiência, limpeza, variedade de produtos,
horário ampliado, Cinema, atrações culturais, sanitários limpos e seguros etc”.
Resumidamente, o texto
versou sobre o fato de o Comércio correr o risco de sofrer perdas significativas
de clientes em razão de não oferecer o mesmo valor agregado ao ato de comprar
que o Shopping pode oferecer.
Pois bem, mantenho o
raciocínio – e na íntegra!!!
Ocorre que, atentado
por um colega de debate público, percebi que a questão vai além das relações de
sustentabilidade do Comércio de Botucatu. Na verdade, trata-se de debater a
Cidade que queremos.... E que, definitivamente, não temos!!!
Não é preciso sair para
fazer compras para perceber que pouco, ou nenhum, daqueles atributos pode ser
desfrutado pela população.
A pessoa com
deficiência sai à rua e não se sente parte daquele universo justamente porque
não goza do direito pleno de acesso aos mais variados espaços.
O cidadão trabalha a
semana inteira de forma extorsiva e não possui espaços de lazer e convivência
sadios, a partir, talvez, de atrações culturais gratuitas nas mais diferentes
praças públicas da Cidade – pelo menos não constantemente e nem
suficientemente.
Pelo contrário, as
praças têm se transformado espaços de banditismos, quando, na verdade, deveriam
ser os próprios espaços de oferecimento de cultura e lazer gratuitos e
acessíveis, dia ou noite.
E para chegar nesses
espaços, a Cidade haveria de ter um sistema de transporte que priorizasse o
cidadão, com agenda conjunta aos eventos culturais e de lazer, que permitisse
ao munícipe realmente deixar de utilizar seu automóvel – não por ser barato,
mas porque é melhor, mais seguro e mais prático.
E quando esse cidadão
saísse de sua casa para usufruir dos bens culturais e de lazer oferecidos
gratuitamente nos espaços públicos de sua Cidade, após o translado com o
transporte público de qualidade (mais seguro e prático do que seu próprio
automóvel), pudesse estar amparado por uma infraestrutura que lhe
proporcionasse conforto – como, por exemplo, banheiros públicos de qualidade e
seguros.
Mas não quero que esse
texto seja interpretado como uma crítica ao Poder Público local, num frenesi
desvairado das bestialidades partidárias mais fervorosas. Reconheço a
existência de iniciativas, umas isoladas outras nem tanto, que parecem almejar
esses objetivos.
Desejo, isso sim,
ressaltar a necessidade de debate permanente sobre o destino e perspectivas da
convivência nos espaços públicos de Botucatu. Cobiço, realmente, a discussão
sobre o que queremos em relação à nossa própria qualidade de vida.
Trata-se, na verdade,
de colocar em destaque o debate sobre a cidade que queremos – seja agora ou num
futuro minimamente próximo...