domingo, 3 de maio de 2015

Internet possibilita fortalecimento do local e do comunitário



O desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação, com ênfase na internet, tem mudado a forma como as pessoas se relacionam consigo mesmas e com o outro, com a política, com o mercado, entre outras esferas da vida cotidiana.
Do ponto de vista da sociabilidade e do acesso às diferentes culturas ao redor do globo, a internet representou a abertura das portas e a ruptura das fronteiras, uma vez que a partir de um click se tornou possível às diversas sociedades estabelecerem trocas e difusões de conhecimentos e publicização das mais ricas experiências humanas.
Sob a ótica do mercado, as tecnologias da informação e da comunicação permitiram, em larga escala, o desenvolvimento de uma economia que não se limita às características do capitalismo industrial e aos paradigmas das relações mais tradicionais entre capital e trabalho. Em outras palavras, forjou novas dinâmicas às economias mundiais, como a flexibilidade e a ausência de limites territoriais.
Já no âmbito da política, a internet tem ocupado cada vez mais um lugar de destaque – seja a partir da perspectiva dos atores políticos, seja sob o ponto de vista da sociedade civil. Entre os benefícios mais fáceis de mensurar estão o aumento no número de canais de acesso às informações políticas, como blogs e sites, e os espaços de participação existentes em sites oficiais – como fóruns permanentes e consultas públicas disponibilizados nos sítios da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
E isso sem contar as inúmeras possibilidades proporcionadas pelos sites de redes sociais como o Facebook, que permite uma farta, e às vezes “farsa” (para fazer referência ao nosso querido interior de São Paulo), quantidade de informações e opiniões políticas.
Fato é que, para além desses benefícios já mencionados, as novas tecnologias da informação e da comunicação permitem o caminho contrário ao contexto da globalização. Na verdade, talvez seja essa a virtude mais notável da internet: possibilitar o fortalecimento do local e do comunitário.
A história da comunicação midiática nunca registrou um equipamento tão eficiente no oferecimento de espaços públicos de comunicação, interação e discussão sobre temas de interesse coletivo.
É fácil justificar essa afirmação. Basta que seja observado o fato de que os veículos de comunicação de massa de grande circulação e/ou audiência – como jornais, rádios e televisões – sempre privilegiam o âmbito nacional em detrimento do regional. Em outras esferas, o regional em detrimento do local; o local em detrimento do comunitário. E tudo isso sob o filtro das práticas profissionais e das forças políticas e econômicas presentes nesse contexto.
Por isso, é interessante e importante notar que a internet, muito mais que permitir o acesso “para fora”, possibilita o acesso “para dentro” dos mais escondidos recantos e aos menos representativos grupos sociais.
Em um contexto de limitação espacial de conteúdo e de influências políticas e econômicas sobre os veículos de comunicação de massa, é relevante compreender o universo de possibilidades de atuação da sociedade civil por meio da internet. E não da sociedade civil como um todo coeso, mas como partes quase infinitas repletas de especificidades.
Os espaços proporcionados pela internet têm o potencial de abrigar as mais diversas iniciativas no campo da cultura, da comunicação e da política. Têm uma virtual capacidade de atuar no fortalecimento da cultura local, das mobilizações sobre temáticas comunitárias e da participação popular.
Neste contexto, é claro que o acesso à internet se mostra como um novo fator de exclusão social – menos no Estado de São Paulo e mais nas regiões menos desenvolvidas do País. Porém, a questão mais fundamental é: na hipotética situação de acesso a todos, será que as comunidades estariam preparadas para aproveitar as suas potencialidades?
Portanto, mais que acesso, há que se ponderar a variável da competência para a utilização dos potenciais oferecidos pelas tecnologias da informação e da comunicação.

Ocorre que, para isso, é necessário muito mais que uma porta aberta para um universo de possibilidades globalizadas. É fundamental, na verdade, educação!

Mas, esse é um problema ainda maior...