Texto originalmente
publicado no Jornal Comércio de Jahú -
http://www.comerciodojahu.com.br/post?id=1325839&titulo=Internet+possibilita+fortalecimento++do+local+e+do+comunit%C3%A1rio%2C+por+Andr%C3%A9+Lu%C3%ADs+Louren%C3%A7o
O desenvolvimento das
tecnologias da informação e da comunicação, com ênfase na internet, tem mudado
a forma como as pessoas se relacionam consigo mesmas e com o outro, com a
política, com o mercado, entre outras esferas da vida cotidiana.
Do ponto de vista da
sociabilidade e do acesso às diferentes culturas ao redor do globo, a internet
representou a abertura das portas e a ruptura das fronteiras, uma vez que a
partir de um click se tornou possível às diversas sociedades estabelecerem
trocas e difusões de conhecimentos e publicização das mais ricas experiências
humanas.
Sob a ótica do mercado,
as tecnologias da informação e da comunicação permitiram, em larga escala, o
desenvolvimento de uma economia que não se limita às características do
capitalismo industrial e aos paradigmas das relações mais tradicionais entre
capital e trabalho. Em outras palavras, forjou novas dinâmicas às economias
mundiais, como a flexibilidade e a ausência de limites territoriais.
Já no âmbito da
política, a internet tem ocupado cada vez mais um lugar de destaque – seja a
partir da perspectiva dos atores políticos, seja sob o ponto de vista da
sociedade civil. Entre os benefícios mais fáceis de mensurar estão o aumento no
número de canais de acesso às informações políticas, como blogs e sites, e os
espaços de participação existentes em sites oficiais – como fóruns permanentes
e consultas públicas disponibilizados nos sítios da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal.
E isso sem contar as
inúmeras possibilidades proporcionadas pelos sites de redes sociais como o
Facebook, que permite uma farta, e às vezes “farsa” (para fazer referência ao
nosso querido interior de São Paulo), quantidade de informações e opiniões
políticas.
Fato é que, para além
desses benefícios já mencionados, as novas tecnologias da informação e da
comunicação permitem o caminho contrário ao contexto da globalização. Na
verdade, talvez seja essa a virtude mais notável da internet: possibilitar o
fortalecimento do local e do comunitário.
A história da comunicação
midiática nunca registrou um equipamento tão eficiente no oferecimento de
espaços públicos de comunicação, interação e discussão sobre temas de interesse
coletivo.
É fácil justificar essa
afirmação. Basta que seja observado o fato de que os veículos de comunicação de
massa de grande circulação e/ou audiência – como jornais, rádios e televisões –
sempre privilegiam o âmbito nacional em detrimento do regional. Em outras
esferas, o regional em detrimento do local; o local em detrimento do comunitário.
E tudo isso sob o filtro das práticas profissionais e das forças políticas e
econômicas presentes nesse contexto.
Por isso, é
interessante e importante notar que a internet, muito mais que permitir o
acesso “para fora”, possibilita o acesso “para dentro” dos mais escondidos
recantos e aos menos representativos grupos sociais.
Em um contexto de
limitação espacial de conteúdo e de influências políticas e econômicas sobre os
veículos de comunicação de massa, é relevante compreender o universo de
possibilidades de atuação da sociedade civil por meio da internet. E não da
sociedade civil como um todo coeso, mas como partes quase infinitas repletas de
especificidades.
Os espaços
proporcionados pela internet têm o potencial de abrigar as mais diversas
iniciativas no campo da cultura, da comunicação e da política. Têm uma virtual
capacidade de atuar no fortalecimento da cultura local, das mobilizações sobre
temáticas comunitárias e da participação popular.
Neste contexto, é claro
que o acesso à internet se mostra como um novo fator de exclusão social – menos
no Estado de São Paulo e mais nas regiões menos desenvolvidas do País. Porém, a
questão mais fundamental é: na hipotética situação de acesso a todos, será que
as comunidades estariam preparadas para aproveitar as suas potencialidades?
Portanto, mais que
acesso, há que se ponderar a variável da competência para a utilização dos
potenciais oferecidos pelas tecnologias da informação e da comunicação.
Ocorre que, para isso,
é necessário muito mais que uma porta aberta para um universo de possibilidades
globalizadas. É fundamental, na verdade, educação!
Mas, esse é um problema ainda
maior...