segunda-feira, 2 de junho de 2014

A pobreza do debate político reproduzido nas redes sociais

A proximidade da eleição presidencial traz o debate político aos espaços da vida cotidiana. Bares, clubes e instituições de quaisquer tipos se tornam espaços privilegiados para a observação das discussões sobre as preferências político-partidárias. Isso mesmo: aparentemente apenas as preferências partidárias!
Nas redes sociais, então, esse fenômeno parece ser ainda mais gritante!!! Surgem nuvens de analistas políticos altamente preparados para o debate, repleto de informações sobre um ou outro partido político. Isso mesmo: sobre UM ou OUTRO partido. E só!!!
Evidentemente, não é possível menosprezar o aspecto positivo de a política ingressar na pauta de discussão da sociedade, ainda que em poucos meses do processo eleitoral. Aliás, é importantíssimo que esse tema esteja na “boca do povo”, ainda que baseados nas preferências partidárias.
Entretanto, é notável que o debate nas redes sociais esteja repetindo a lógica da política pequena veiculada e discutida na grande imprensa, baseada nas minúcias de bastidores da política partidária, que deixa os projetos políticos e de governo de fora da discussão.
Vale lembrar que, de modo simplificado ao extremo, Projetos Políticos são as propostas de cada partido político que, ao final, definem “o País que queremos e por meio de quais estratégias o alcançaremos”.
Ocorre que, ao invés de se atentar a isso, o debate parece uma matemática burra sobre quantificação dos casos de corrupção, atenuados ou não por algumas iniciativas isoladas.
Aliás, se perguntado a algum desses analistas os motivos pelos quais optam por determinada legenda, a resposta possivelmente será: porque esse partido não está envolvido em determinado caso de corrupção. E só!!!
E o pior: a discussão fica apenas no embate PT/PSDB, seus casos de corrupção e desmandos...
Isso mesmo: o pior!!! Pior porque no momento em que apenas esses dois partidos políticos estão em pauta, dezenas de outras propostas – que podem ser realmente interessantes – ficam para escanteio!!!
Esse é o problema da bipolarização das perspectivas políticas!!! A política brasileira, que preza pela pluralidade, está resumida às contendas entre “Tom & Jerry” e nada mais!!!
Aliás, para se usar a mesma metáfora, a política está resumida às contendas entre “Tom & Jerry”, que nem ao menos sabem os motivos ou perspectivas que os fazem antagônicos. Evidentemente, o raciocínio não se aplica a todo mundo, já que todo mundo é muita gente!!
Esquecendo as metáforas, a bipolarização do debate sobre a política brasileira favorece a pobreza de argumentos e perspectivas que, em último caso, parece resumir os projetos dos dois protagonistas (PSDB/PT) aos duelos entre si próprios.
Não se debate a Educação, mas como a Educação gerida pelo partido oposto está (ou foi) mal...
Não se debate a Saúde, mas como a Saúde gerida pelo partido oposto está (ou foi) mal...
Não se debate Mobilidade Urbana, na verdade, nem entra na pauta. Meio Ambiente, aliás, segue a mesma toada. Participação na política, nem se sabe o que é!!!
Infelizmente, é possível perceber pouquíssima diferença entre essas duas correntes – se é que dá para diferenciá-las em correntes.
A questão é simples: enquanto a sociedade estiver focada em duas únicas cores partidárias e suas diferenças mais superficiais, não haverá avanço no que diz respeito aos projetos políticos... Infelizmente!!!
Portanto, a sociedade precisa dar mais espaço para divulgação e conhecimento acerca de outros partidos e projetos políticos, mesmo que seja para confirmar que a preferência inicial estava correta.

Enquanto existir essa pobreza no debate político, vivenciaremos a reprodução de suas superficialidades nos sites de redes sociais – que, na verdade, apresentam apenas o estado de nossa cultura...