quinta-feira, 26 de junho de 2014

Política, Bom Senso e Esperança no caso do vereador sem direitos políticos

O tão esperado relatório da Comissão Processante da Câmara Municipal de Botucatu sobre a possível perda de mandato do vereador Fernando Carmoni, líder do Governo na Câmara, finalmente foi divulgado!
O parlamentar sofreu condenação e suspensão dos direitos políticos pela 3ª Vara Federal de Bauru, por não ter efetuado o depósito do Fundo de Garantia ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) dos empregados de sua gráfica, embora os valores tenham sido descontados da folha de pagamento, no período compreendido entre 1993 a 2003 (informações do site Acontece Botucatu).
Porém, contrariando as especulações dos bastidores da política local, não houve consenso na Comissão Processante sobre a absolvição do réu/parlamentar – ou seria parlamentar/réu, numa reflexão machadiana?
 Havia uma celeuma no ar que apontava para o óbvio: A Comissão Processante, formada por vereadores da base do Governo, absolveria inevitavelmente o réu/parlamentar.
Pois é aí que fomos surpreendidos novamente, ou nem tanto assim...
O relator da Comissão, vereador Izaías Colino, correligionário de Carmoni, posicionou-se favorável à perda do mandato do réu/parlamentar, apoiado na Lei Orgânica do Município (a “Constituição Municipal”, de maneira menos técnica). Lá está claro, no artigo 23º, inciso IV, que perderá o mandato o Vereador “que perder ou tiver suspensos os direitos políticos”.
Simples assim.... Sem margem a outra interpretação, imagino (ou imaginava)...
Apesar disso, os demais integrantes da Comissão Processante entendem que está tudo legal/certinho/beleza/bacaninha!!!
Direito deles, é claro!!! Todo vereador deve ter a possibilidade e a autonomia de atuar conforme seus padrões éticos e morais, e ser respeitado por isso. Afinal, não foram eles que determinaram suas designações nos cargos de representantes políticos.
E é aí que a sociedade precisa se atentar!!!
O primeiro texto deste Blog (“Por um novo perfil político”) apontava a necessidade de a sociedade discutir o perfil político dos representantes públicos. E essa continua sendo uma excelente oportunidade!!!
A partir desse imbróglio, até o momento, já é possível observar o perfil de quatro dos onze atuais vereadores – o réu/parlamentar (que dispensa comentários), o correligionário que abriu mão do partidarismo para seguir rigorosamente os ditames da Lei, e os outros dois vereadores que, enfim, decidiram pelos seus próprios motivos...
Desses quatro edis, evidentemente, destaco a atuação do vereador Izaías Colino como a esperança na aplicação da Lei ou, no mínimo, do Bom Senso... O Bom Senso de, apesar das possibilidades de interpretação, primar pela aplicação da legislação vigente que, neste caso específico, parece não conceder espaços para interpretações tão distantes.

Afora a esperança de que este sopro de mudança na prática política possa preponderar, vale frisar a possibilidade muito remota, ou quase inexistente, de ocorrer a votação desfavorável ao réu/parlamentar, já que se trata do líder do Governo e o Governo contar com densa maioria do Plenário da Câmara ao seu favor.
Ou seja, embora seja digno de festa, o sopro de esperança não é o fiel da balança....
A partir desses entendimentos, ou da falta deles, que os demais parlamentares do Legislativo local decidirão o futuro do réu/parlamentar que pretende continuar a ser representante do povo e líder do Governo.
Importante lembrar que Sessão de julgamento ocorrerá já nesta sexta-feira (27), na Câmara Municipal de Botucatu, a partir das 13h30.

Que o Bom Senso nos proteja...