segunda-feira, 14 de abril de 2014

O uso útil das redes sociais e a possibilidade de participação política

Os sites de redes sociais têm ganhado espaço no cotidiano social e político nos últimos anos. A partir do quase esquecido Orkut até o, ainda em destaque, Facebook (mas que não se sabe até quando...), essas ferramentas têm permitido a realização de debates e trocas de informações sobre temas diversos, inclusive a famigerada política.
É verdade que, na maior parte do tempo, esses espaços têm se apresentado como meros palanques de falação desnecessária e inútil. Mas isso não é uma crítica, apenas uma constatação.
É óbvio que os sites de redes sociais permitem que as pessoas se socializem e possam manifestar quaisquer questões de âmbito cômico, divertido, provocador, e por aí em diante. E isso é importante no contexto de uma sociedade privada de lazer.
Mas esses espaços podem mais que isso. Eles têm potencial para serem utilizados como plataformas de divulgação e debate sobre questões relevantes do cotidiano da sociedade, dispensando, no primeiro momento, a presença física – hoje tão difícil em função do ritmo de vida contemporâneo.
Cito, no caso de Botucatu, dois espaços bastante interessantes abrigados no site Facebook: os grupos de debate sobre o Município “Movimento Botucatu Melhor” e “Denuncia Botucatu”.
Ambos, guardadas suas peculiaridades, têm promovido debates interessantíssimos sobre questões relevantes para a Cidade, independentemente do conteúdo elaborado a partir das discussões empreendidas por diversos atores sociais.
É evidente que o espaço virtual também reflete perspectivas e posturas da vida cotidiana, como a defesa por determinadas perspectivas e partidos políticos, debates mais personificados etc. Importante lembrar que não seria possível imaginá-los totalmente apartados da sociedade real!!!
Ocorre que esses espaços têm a qualidade de permitir um acesso direto entre o eleitor (internauta) e o representante político (neste caso, também internauta), já que alguns desses agentes públicos também estão presentes virtualmente nesses grupos. E ainda que não estejam, certamente alguém de seus correligionários ou apoiadores está e fará com que informações cheguem até o detentor do poder de decisão na esfera político-administrativa.
Portanto, independentemente de uma demanda debatida ou levantada ser ou não atendida, é relevante destacar que, a partir desses espaços de interação digital, a classe política poderá ser influenciada em suas atividades – ainda que não existam garantias que isso irá ocorrer...
Apesar de os índices de acesso à internet ainda serem baixos no Brasil (segundo IBGE, cerca de 42% na média nacional, 65% no Estado de São Paulo e 12% no Maranhão), a era dos ciberespaços ainda pode contribuir muito para o processo de deliberação pública e participação popular no exercício do poder político.
Para concretização da instituição de um espaço eficaz de deliberação e participação política, o internauta tem de ser capaz de fazer um uso útil dessa ferramenta.
E para tanto, seria necessário ao usuário capacidades e habilidades para fazer a gestão e a articulação das informações disponíveis – fatores que decorrem de um processo de Educação muito mais forte e contextualizado do que o oferecido atualmente, mais voltado às exigências tecnológicas da sociedade contemporânea....

Mas isso é outra história, talvez ainda mais problemática...