segunda-feira, 28 de abril de 2014

Não depende apenas da Política, mas depende também!!!

A participação política da sociedade no exercício do poder é uma das questões mais relevantes dos debates atuais sobre ‘democracia contemporânea’. Autores brasileiros têm produzido discussões e apontado caminhos viáveis e imprescindíveis para democratização da Administração Pública.
Cientistas políticos como Leonardo Avritzer, Wagner Romão e Evelina Dagnino (apenas a título de curiosidade, caso alguém tenha interesse em se aprofundar no debate) têm produzido extensos materiais que discutem a necessidade de participação da sociedade no exercício do poder político.
Os três pensadores brasileiros são unânimes quando o assunto é a necessidade de disponibilização de canais de participação da população em direção ao Governo. Defendem que, entre outras coisas, as Administrações Públicas estabeleçam espaços nos quais a sociedade possa opinar sobre questões do cotidiano ou apresentar apontamentos acerca de Políticas Públicas.
Exemplo desses espaços é o ‘Balcão da Cidadania’ – iniciativa instituída pela Prefeitura de Botucatu e divulgada em seu site oficial no dia 25 de Abril. Conforme a nota da Comunicação Municipal, trata-se de um sistema que pode ser acessado via aplicativo de celular ou pelo próprio site da Prefeitura, no qual o cidadão pode expressar sua insatisfação em relação a algum aspecto da cidade ou apontar algum problema de ordem estrutural – como buracos de rua, por exemplo.
Grande avanço, certamente. Aliás, qualquer instrumento de participação da sociedade no Poder Público representa a queda de barreiras entre a histórica distância entre a classe política e a população.
É verdade que o apontamento e solicitação de soluções para questões como ‘buracos de rua’ é importante. Problemas como esses afetam severamente a rotina do trabalhador.
Porém, participação política não significa apenas acesso a canais de apontamento de necessidades de reparos. Na verdade, quando os cientistas políticos apontam para a necessidade de participação política, eles estão se referindo à participação na elaboração de Políticas Públicas e não no apontamento de problemas isolados.
Ou seja, apesar de importantíssimo, esse novo espaço não democratiza o poder político e nem tem a capacidade de dividir com a sociedade a responsabilidade de decidir sobre questões públicas da Cidade, mas apenas apontar desejos isolados por melhorias legítimas.
Mas também não é possível atribuir a culpa de uma possível ‘não participação’ da população exclusivamente aos Governos. Isso porque, mesmo nos momentos em que os Poderes Políticos abrem espaço para discussão sobre Políticas Públicas a sociedade não participa, como em Audiências Públicas e ferramentas de consulta pública na internet.
Entretanto, há que se ponderar que, talvez, essa postura seja fruto de uma histórica repressão do Estado, seja na forma de governos autoritários civis ou militares, seja na forma de um sistema absolutamente precário de educação que não conseguiu fazer com que a sociedade desenvolvesse habilidades de crítica sociopolítica e se apropriasse de conceitos democráticos. Ou ainda pode ser em razão de um sistema econômico que faz com que a população em geral tenha de dedicar horas intermináveis ao mercado de trabalho e deixe de lado o lazer e a participação cívica.
Fato é que a participação política é pedagógica, ou seja, ensina ao mesmo tempo em que é praticada. Portanto, caro leitor/internauta, utilize o tal espaço ‘Balcão da Cidadania’. No entanto, não deixe de participar de Audiências Públicas e de Reuniões Abertas. Não deixe de acompanhar as notícias dos sites de órgãos públicos, como o da Prefeitura e o da Câmara, e monitorar as atividades e os debates desenvolvidos.
Reclame, sim, pelo Facebook, mas não deixe de encaminhar suas reivindicações ao seu vereador e nem de participar de Audiências, Reuniões e Conselhos Municipais.

 As transformações sociais não dependem apenas da Política, enquanto classe detentora do poder de decisão, mas, é importante dizer, dependem também!!!!