quarta-feira, 9 de abril de 2014

Por um novo perfil político

O noticiário político botucatuense foi acometido, a partir da semana passada, pela notícia de condenação do parlamentar Fernando Carmoni, pelo Tribunal Regional Federal, em razão do não pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) a funcionários de sua gráfica pelo período de 10 anos.
Pela determinação do TRF, o parlamentar botucatuense terá de ressarcir o INSS em valor aproximado de R$ 150 mil e terá seus direitos políticos suspensos por 8 anos – conforme noticiado nos sites botucatuenses “Leia Notícias”, “Acontece Botucatu” e “Notícias Botucatu”, bem como rádios e jornais locais.
Depois de recebido Ofício do TRF pela Câmara Municipal de Botucatu (conforme consta em matéria divulgada no site da Casa - http://www.camarabotucatu.sp.gov.br/portal/news/one_news.asp?IDNews=2143), no qual é sugerida a perda de mandato do parlamentar condenado, foi formada Comissão Processante para analisar o caso.
E é nesta questão que este artigo pretende tocar.
Antes disso, caro leitor/internauta, uma pergunta: Na condição de líder do Executivo na Câmara, que conta com maioria absoluta e opinião do Prefeito João Cury de que a perda de mandato seria “muito pesada”, deveríamos acreditar que o parlamentar condenado pelo TRF não sofreria com a perda de mandato?
O primeiro impulso é dizer que Fernando Carmoni não irá sofrer a perda de mandato e que tudo acabará em pizza no país do futebol, já que seu grupo detém maioria absoluta no Plenário da Câmara Municipal.
Ter essa perspectiva não é condenável, já que o Brasil tem sido assolado historicamente pela impunidade no âmbito da política, independentemente das cores partidárias.
Ocorre que talvez essa realidade esteja em curso de mudança. A própria instituição da Lei da Ficha Limpa foi um avanço nesse sentido. Antes disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal também se mostrou na condição de instrumento de combate à corrupção e incompetência. Mas o que move essa esperança são as mobilizações populares por mudanças políticas que ocorreram em Maio de 2013.
Essas manifestações mostraram que a sociedade é capaz de monitorar e cobrar posicionamento político de seus representantes, ainda que não tenham obtido a totalidade de suas reivindicações.
Neste caso específico, que ocorre no âmbito local, no qual é mais fácil o acesso ao monitoramento, a municipalidade poderá acompanhar tanto o trabalho da Comissão Processante quanto a atuação parlamentar em Plenário.
Quero dizer com isso que, para além de manifestações de rua (que são de extrema importância), os votos da próxima eleição Municipal podem levar em consideração dados concretos, observáveis, em relação à defesa de um determinado perfil político para Botucatu. Um perfil de políticos que se distancia das práticas históricas, das quais o Brasil tem tentado timidamente se livrar.
De um modo ainda mais claro: o eleitor pode, e deve, acompanhar este caso e tirar suas próprias impressões sobre a atuação dos parlamentares do Legislativo local e dos agentes políticos de forma geral, com vistas à definição da preferência eleitoral para pleito de 2016. Ou seja, observar agentes e grupos comprometidos com perfis específicos de políticos e, a partir disso, escolher aquele perfil com o qual possui mais afinidade.
Portanto, o Legislativo Municipal se depara com a necessidade de responder à seguinte pergunta, que, aliás, deve ser a pergunta de todo cidadão: QUAL O PERFIL DOS POLÍTICOS QUE QUEREMOS EM NOSSAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS?
Importante ressaltar que não se trata de uma crítica ao posicionamento do Prefeito João Cury em declarar que a perda do mandato do vereador Fernando Carmoni seria uma “pena pesada”. Não acredito que o fato de o Prefeito achar que a perda de mandato seria “muito pesada” o transforme em um defensor da corrupção.
Pelo contrário. O chefe do Executivo local tem o direito legítimo de não concordar com a orientação do TRF e ter suas próprias convicções e conceitos. Antes de ser prefeito, João Cury é um cidadão com direito de opinião e expressão. Essa é a beleza da democracia.
Por outro lado, não escondo minha torcida pelo cumprimento intransigente da Lei e da orientação do Tribunal. Na verdade, defendo que a “batata quente” está nas mãos do Legislativo local, e que a comunidade botucatuense aguarda ansiosamente um posicionamento para traçar, estrategicamente, seu leque de opções eleitorais.
Assim, este é o momento de os parlamentares da Câmara Municipal de Botucatu se posicionarem e se colocarem na história da cidade, em consonância com os novos movimentos sociais, em razão da defesa de um novo perfil político.

Por aqui, cabem apenas as expectativas, a esperança e os pitacos!!!